domingo, 4 de julho de 2010

Eu mato

Pierrot gostava de Barbara, mas ao mesmo tempo ela o intimidava. O rapaz tinha uma quedinha por ela, feita sobretudo de olhares secretos, silêncios e fugas quando ela aparecia. Bastava que lhe dirigisse a palavra para que ficasse vermelho como um pimentão. Barbara tinha notado a existência daquele sentimento havia tempos. Era um amor, se é que podia ser definido assim, tipicamente infantil, de acordo com o modo de ser de Pierrot, mas que precisava ser respeitado, como todos os sentimentos. Sabia o quanto a capacidade de amar tinha força na alma daquele rapazinho estranho que parecia eternamente assustado com o mundo: tinha a candura e a sinceridade que se encontram no afeto das crianças e dos cães. Podia parecer uma comparação um tanto depreciativa, mas era a expressão de um afeto completo e sincero, um afeto que existe enquanto tal, sem exigir contrapartidas.

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